domingo, 13 de janeiro de 2013

Autenticidade e Transparência na rede


Quando falamos em autenticidade e transparência na rede podemos referir dois aspectos fundamentais:
  • A personalidade de quem publica
  • Os conteúdos e materiais que são publicados
Estes dois aspectos assentam num outro, fulcral para esta problemática: a ética - de quem publica,de quem investiga, de quem utiliza, resumindo de quem está na rede.
  • Quem são e como são verdadeiramente os outros que encontramos na rede?
  • São  as imagens que de nós partilhamos autênticas?
 Estas duas questões colocadas pela Professora Teresa Cardoso, no âmbito da disciplina de Educação Sociedade e Rede, merecem uma especial atenção e refletem a mesma temática: a ética.
São estas questões que vão orientar esta pequena reflexão.

A palavra personalidade deriva etimologicamente de personna (no seu original grego - máscara). No nosso quotidiano nós utilizamos várias máscaras consoante o nosso estatuto e os papéis que necessitamos desempenhar. Comportamos-nos de formas diferentes em ambientes diferentes e com pessoas diferentes e isso inclui a rede. Mas esta forma de estar e de ser é natural e socialmente valorizada, não deixamos de ser autênticos por isso.
Se considerarmos como sinónimos de autenticidade, a identidade e a verdade, significa que não é por utilizarmos máscaras diferentes que deixamos de ser autênticos, porque existe uma unicidade que marca a nossa personalidade, que constitui o nosso eu e nos distingue dos outros. Isto, em situações normais, em que o sujeito pauta a sua vida por princípios morais e éticos. 
Mas na rede, assim como na vida real, podemos encontrar pessoas de má-fé que mentem, enganam com o intuito de ganhar alguma vantagem (até, evidentemente, com intuitos criminosos). E ainda pessoas, que por várias razões decidem "criar" uma outra personalidade na rede, provavelmente, por não estarem satisfeitos com a sua própria vida ou apenas pela adrenalina de viver uma nova experiência. Nestes casos, outra questão se coloca: será que nós estamos realmente interessados em conhecer os outros, ou como acontece muitas vezes nas redes sociais, estamos mais interessados naquilo que os outros pensam de nós? 

Quando nos referimos aos conteúdos publicitados na internet a questão da autenticidade ainda é mais difícil. Ninguém pode ter a certeza de que sou eu, Elisabete Santos, que estou a escrever este texto, no entanto, para todos os efeitos este é da minha responsabilidade, pois sou eu que o assino e este blogue (aparentemente) é da minha autoria (mas mesmo este blogue poderia ter sido criado por outra pessoa no meu nome, quem sabe?).
Por exemplo, quando nos debruçarmos sobre o ensino na modalidade de e-learning, poderão colocar-se vários problemas:
  • O plágio - embora ainda existam muitas destas situações, já existem várias ferramentas digitais que detectam estas situações, como por exemplo,  http://www.ufrgs.br/uab/ferramentas-para-detectar-plagio-em-trabalhos-academicos
  • A autoria do trabalho - como é que nós sabemos que aquele artigo, aquele trabalho foi realizado pela pessoa que o assina ou por um amigo, um familiar ou até por um estranho (que o vendeu), simplesmente não sabemos, excepto se conhecermos muito bem o trabalho dessa pessoa.
Por exemplo, o ano passado lecionei num projeto inovador e muito especial do Ministério da Educação, chamado EDI, http://edi.blog.dge.mec.pt/ que providenciava o ensino do 5º ao 12º ano a alunos que trabalhavam ou viviam em circos e feiras e desta forma estavam impossibilitados (por estarem sempre em viagens) de frequentar as aulas. Este ensino é totalmente online e uma das minhas angústias era não puder ter a certeza se era aquele aluno em concreto que me estava a responder no fórum ou a enviar-me aquele trabalho, na realidade poderia ser um irmão, o pai ou até a avó. É um risco que se corre, no entanto, penso que é um risco que vale a pena correr. Haverá, sempre, pessoas que enganam, mentem, copiam do vizinho do lado (sejam crianças ou adultos) que encontram sempre brechas no sistema (seja ele qual for) para tirar vantagens próprias. Este não é apenas um problema da rede mas sim um problema ético.
Na semana passada fomos confrontados com uma notícia que, também, nos faz pensar na autenticidade na rede. Foi descoberto um artigo, na Wikipédia, sobre uma guerra fictícia entre Portugal e Índia. Este artigo esteve online durante cinco anos e era considerado "um bom artigo". Foi publicado na rede e o erro foi descoberto na rede. O que nos leva, como o Prof. António Teixeira refere (http://www.slideshare.net/MPeL/my-m-pelantonioteixeira ),a considerar que é a própria rede a se auto regular e a controlar a autenticidade do material que lá é colocado.

Concluindo, o problema da autenticidade e transparência na rede coloca-se como em todos os domínios da nossa vida.São criadas imagens (de boa ou má fé) que tentamos transmitir aos outros e somos confrontados com imagens (mais ou menos reais) dos outros a questão é sabermos se somos honestos ou não e se os outros o são ou não, ou seja, trata-se de uma questão ética para a qual não haverá respostas definitivas.
No domínio dos conteúdos e materiais são os próprios utilizadores da rede que terão de aferir essa própria autenticidade. E assim como temos de ter cuidado, quando conhecemos alguém na rede, também temos naturalmente, de ter cuidado com o material pesquisado na rede.

Referências: